terça-feira, 1 de setembro de 2009

Água, ou outra coisa que tal, por mim


Ás vezes, há certas sujidades
Que nem a água consegue limpar.
Às vezes, por mais horas
que passemos no banhovamos continuar a sentir suores alheios,
odores alheios,
a feder em nós.
Cheiros nauseabundos,
Resultados de escolhas erradas,
Resultados de inseguranças usurpadas
E resultados de firmezas não bem conseguidas.

Às vezes, é difícil limparmo-nos,
quando não são os poros da nossa pele
que emana sujidade,
Mas os nossos erros.

Às vezes os nossos erros têm cheiro.
Cheiro a frustração,
Cheiro a arrogância,
Cheiro à inconstante e detestável adolescência,
Cheiro a negação,
Cheiro a desilusão.
Este é o cheiro mais difícil de tirar da pele e da roupa.
É o cheiro que fica mais entranhado;
É o cheiro que deixa mais nódoas;
E,
É o cheiro que mais desgasta os tecidos,
Lavagem após lavagem,
sem nunca sair,
sem nunca deixar uma réstia do seu traço.


Sem comentários:

Enviar um comentário