quarta-feira, 27 de junho de 2007

Aborto - morte de um inocente ou evitar uma vida de sofrimento?


Será que as mulheres têm direito de abortar?




Este é um tema complexo, que levanta muita polémica, devido ao facto de que é sempre uma grande responsabilidade e pode até tornar-se um grande fardo, decidir-se sobre a vida humana.
Vulgarmente
a opinião de certos indivíduos vai contra o aborto, por motivos religiosos. No entanto, estes motivos são algo contraditórios, vejamos: a Igreja é contra o aborto em qualquer circunstância, ao passo que cada vez mais crentes, com uma certa tolerância, permitem-no em dois casos: de violação e de eventual perigo que possa causar à vida da mãe.
Como se sabe, há uma data limite, para se fazer um aborto, isto porque, cientificamente só a partir de um determinado ponto do desenvolvimento do feto, é que este é considerado um ser humano, e não a partir da sua concepção. Pelo que, a partir dessa determinada altura já estipulada, o aborto é impraticável, seja da maneira em que o feto tenha sido concebido, mesmo que por violação, por ser considerado vida. Como uma violação traz muitos traumas e sequelas inimagináveis numa pessoa, é compreensível, que esta mesma, estando grávida, sinta raiva à criança que traz em seu útero. Neste tipo de casos, percebe-se então a necessidade que uma mulher sente de abortar, dentro de um prazo seguro para o feto. No entanto, para a Igreja e seus respectivos crentes, o feto, constitui um ser humano a partir do momento em
que é concebido, e são contra o aborto porque ninguém, excluindo Deus, tem o direito de tirar uma vida. Mas se os crentes de facto acreditam nisto, então como podem permitir a atrocidade de um assassinato? Sim, porque à mulher é dado o direito de abortar, apenas porque se percebe a grave situação porque passou, e como não é um ser humano que está alojado no seu ventre, ela tem de facto o poder de decisão. Mas a partir do momento em que o feto está num grau de desenvolvimento em que já é considerado ser humano, que direito terá a mãe (por maior que seja o seu sofrimento) de decidir pela vida do seu filho? Dificilmente percebo, como certos crentes conseguem ser tão permissivos numa situação destas, e noutras que servem justamente para prevenir todo este problema, são bastante intolerantes. Falo dos métodos contraceptivos, que a Igreja condena, pois as relações sexuais devem ter o intuito de procriação. Volto a interrogar-me segundo os princípios cristãos. Não seriam um dos principais ideais cristãos, amar-nos, respeitar-nos, preocuparmo-nos e defendermo-nos uns aos outros? Então pergunto-me, se uma mulher seropositiva, não deverá usar métodos contraceptivos para prevenir criar uma criança com a mesma doença (que devo referir é mortal, dolorosa, e ainda não há cura)? Ou deverá antes não os utilizar para agir de acordo com uma regra da Igreja?
Existem pessoas, que mesmo não sendo crentes, não são a favor do aborto. É de facto vulgar que se pense que o óvulo fecundado constitui já uma vida humana. Mas de facto, é um ser que não sente, ouve, ou cheira. Não tem órgãos, sensações, instintos, enfim, está ainda longe de começar a tornar-se num ser, pois um óvulo fecundado, é tão ser como um espermatozóide. Serão também cada espermatozóide e óvulo um ser humano, com direito a identificação?
Também existem os indivíduos que são a favor do aborto. Neste campo, também há divisões: há extremistas, que defendem que o aborto deveria ser praticado
em qualquer circunstância e que se deveria dar total liberdade para a mulher que o quisesse fazer.
Custa-me pensar que uma mulher madura, de idade adequada, economicamente estável e com um companheiro se recusasse a ter uma criança inesperada. Mas certamente, com a infinidade de casos bizarros e inexplicáveis que se conhecem, este seria apenas mais um. É necessário que as pessoas, e as mulheres em particular, tenham consciência que o aborto é também uma hipótese que não deve ser encarada de ânimo leve. Mesmo que cientificamente esteja comprovado, que o óvulo fecundado não constitui um ser humano, o processo do aborto é altamente traumatizante, deixando sequelas para o resto da vida. Há ainda o perigo de este ser mal feito, deixando a possibilidade de a mulher ficar impossibilitada de voltar a engravidar.
Já foram propostos outros casos em que o aborto deveria supostamente ser permitido, tais como deformação do feto (aborto eugénico), mãe menor de idade ou caso os pais não tivessem condições de criar os filhos.
A situação em que o feto é deformado, é bastante complexa. De facto, uma pessoa com uma deficiência, vale tanto como outra qualquer. Não deve haver distinção a nível social entre pessoas com e sem deficiência, é crucial, mas é necessário ter em mente, que é preciso um grau de responsabilidade bem maior, dado que a criança a ser educada, é particularmente dependente dos pais, e sempre o será. Há que ter em mente, que o deficiente (dependente do grau de deficiência) não tem condições para ser uma pessoa independente e autónoma. Um deficiente precisará sempre de ser vigiado e condicionado por alguém que fique responsável pelo mesmo.
No caso em que a mãe é menor de idade, questiona-se o facto de um menor não ter a capacidade de criar uma criança. Como é óbvio, criar um ser humano envolve uma grande responsabilidade e maturidade, que um menor não tem.
E também há o aspecto que um menor não tem como se sustentar a si e a criança, sem que para isso, deixe estudar (o que não é aconselhável). Assistimos ao crescente aparecimento de mães adolescentes, muitas vezes por acidente, muitas outras por descuido. É de facto por irresponsabilidade, que a maior das vezes estas jovens se encontram nestas situações, e é comum ouvir-se a expressão “é bom que se vivam com as consequências do que fazem” ou então “é para aprender”. Mas não esqueçamos que é duma criança que se está a falar, e não de um castigo aplicado a uma criança por uma mera tolice feita pela mesma. É duma criança que se está a falar. É de um ser que sente, que se vai desenvolver, e que em tudo depende de nós, inicialmente. Infelizmente, há muitos jovens que arruínam a sua vida inteira por apenas cinco minutos de prazer, mas será que para que eles aprendam, será melhor usar uma criança como castigo? Será que se deve expor uma criança ao perigo de ser educada por outra?
Em último lugar quero abordar o aspecto em que as famílias, sem rendimentos necessários para manter os filhos, continuam a procriar. É de facto difícil compreender como nos tempos de hoje, isto ainda sucede. De facto, com tanta informação que existe hoje em dia, não se percebe como é que ainda há adolescentes que escrevem para revistas a perguntar coisas como “beijei-o. Será que posso engravidar?” ou como ainda há adolescentes que engravidam ou ainda, como há casos em que sem rendimentos mínimos para suster uma família, esta continua a crescer. Mas será que existe assim tanta informação? Se isto acontece, ou é porque de facto, esta não existe, ou é porque existe mas os dogmas presentes estão tão enraizados que as pessoas não se deixam informar (..”ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar..” – padre António vieira).
Com este texto argumentativo-expositivo pretendo acima de tudo, não mudar a opinião de alguém,
mas sim, incitar as pessoas à busca da informação verdadeira e autêntica, para que cada um formule a sua opinião, sem ser baseada em dogmas e preconceitos, que não vencem a razão.

4 comentários:

  1. O aborto foi, é, e sempre será uma complicada questão; NINGUÉM é a favor do aborto, mas há algumas pessoas, tais como eu, que defendem que em certos casos, o aborto é um direito da mulher.

    Quanto à igreja católica, que não passa de um bando de palhaços com penicos na cabeça, diz que os métodos contraceptivos e o aborto são imorais... por isso, haja mães com 14 anos! haja mães que deitam os filhos nos caixotes, porque claro, isso já não é nem pior, nem imoral aos olhos de Deus.

    No entanto, pouco se fala dos direitos dos Homens, pais das crianças: Devia uma mulher poder abortar, por exemplo, no caso de uma malformação do feto sem consentimento do pai da criança? Como seria este informado? Seria em tempo útil?

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  2. com o referendo ninguém ganhou, mas o aborto clandestino perdeu (assim o esperemos). E deixo ainda outra questão, um "pouco" rebuscada, mas ainda assim, para pensar: Num caso em que um homem fosse violado e a mulher engravidasse, teria o homem direito de determinar se a mulher iria abortar ou não?
    ...

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  3. ...óbvio que não, mas já sabia que a Professora ia pegar por ai...

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  4. aí já discordo. O homem teria direito sim, já que foi obrigado

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