Os olhares ferozes e gélidos dos estranhos que se riem da aberração que é a minha não-socialização, ridicularizam-me.
Um murmúrio ensurdecedor à minha volta, que me diz que não sou bem-vinda.
- Vão-se embora. Todos.
Preciso de espaço para respirar. Dói-me o sentir.
Não quero mais ouvir. -
Vou ficar. Aqui.
no abraço da minha calorosa e conformada confusão.
Nada entendo. Mas tenho medo de perceber o que não sei.
Feliz ignorância, mas desconhecimento desconcertante.
Escolho uma porta, ou fico sentada no corredor a ler um livro, sobre uma vida vivida?
Fico sentada, até ver o sorriso amigável de uma fechadura. E será que ela me engana? Será que me arrependo? Será que uma vez posto o meu pé na entrada da divisão, posso sair de lá?
Ou preferiria outra porta?
Não sei.
E mata-me não saber.
Pois que morra. Antes que morra,
do que me arrepender e viver na sombra do que podia ter sido.
Assim, posso viver nos meus olhos. Ainda que assim, não viva de facto.
["Antes de ti, do que por alguém."]
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