sexta-feira, 12 de março de 2010

Notícia de suicídio de professor

Hoje surgiu uma notícia de que um professor – psicologicamente fragilizado – vítima de constantes faltas de respeito por parte de alunos, não aguentou a frustração e humilhação, cometendo suicídio.

Este professor, já tinha feito sete queixas disciplinares em relação à turma que apresentava mais distúrbios.

A notícia surgiu na rádio, anunciando que a causa do suicídio foram os abusos dos alunos, e que estes ficaram tão perturbados que não conseguiram fazer o teste que estava programado para este dia. E segundo um jornalista “os alunos, que ainda por cima são bons alunos, não podem ser responsabilizados pelo que aconteceu”.

Vamos analisar este acontecimento por partes:

1. Como professora, posso afirmar que há alunos que conseguem ser ofensivos, não têm noção de autoridade (que devia ser conferida pelos pais) e que realmente podem deixar uma pessoa num ataque de nervos.

2. O motivo de um suicídio, deste concretamente, não se pode cingir ao factor “violência para com o professor”. Obviamente, que este estaria fragilizado por questões externas ao assunto, e francamente, razões essas não dizem respeito a ninguém. As pessoas [neste caso alunos] não têm de estar a par das fraquezas dos outros, se têm uma depressão, se têm fragilidades ou seja o que for, para os respeitarem. É obrigatório respeitar as pessoas, em qualquer condição. Obviamente, que não se trata toda a gente da mesma maneira. O patrão, o empregado, o amigo, o filho, o professor – todos têm papéis diferentes.

Estes alunos, que o fizeram sentir incompetente, sentiram-se tão mal, que não foram capazes de fazer o dito teste. Pobrezinhos!

É preciso um homem suicidar-se, para perceber que ele sofre se eu o humilho?

E se ele não tivesse pôs-to fim à sua vida? “Os pobres alunos que estão a precisar de apoio psicológico depois destas acusações” – que teriam feito eles? Parariam espontaneamente de atormentar o professor?

É bom que sintam remorsos.

É bom que sintam culpa.

Não pelo suicídio. Quinhentas coisas juntas podem ter causado esse desfecho.

Mas sintam remorsos e culpa pelo que ele sofreu. Porque parte desse sofrimento [evitável], foi sim causado pelos alunos.

3. A minha mensagem já está emitida. Queria só fazer um breve reparo ao jornalista (cujo nome não fixei) que proclamou: “[…] que ainda por cima são bons alunos […]”. Desculpem a expressão, ‘O que tem o cú a ver com as calças?!?!’ Como são bons alunos estão isentos de culpas, mas se se apanhar por aí um mau aluno, então apedrejem-no? Desde quando é que o aproveitamento escolar está relacionado com o carácter e a integridade de um indivíduo?

Meus caros,

para isto nem tenho comentários.

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